Voltando anos atrás na minha vivência profissional tive a grande honra de me relacionar com uma cadeirante, e, preciso falar que as atividades fluíam de uma forma que a cadeira de rodas não trazia nenhum impacto, isso mesmo, realmente, não fazia diferença, falávamos, víamos, convivíamos, trabalhávamos com uma profissional com excelentes entregas, boa de relacionamento, e, que era exemplo para muitos, inclusive para mim, simplesmente, tínhamos no time uma mulher F0D@.
Não se falava de inclusão, tudo acontecia naturalmente, de um lado, a estrutura física e a cultura favorecendo o pertencimento, do outro lado, todas as pessoas, mas, especialmente ela, fazendo com que o pertencer, fosse real e efetivo. Simples assim!
Seguindo na minha vivência profissional eu trabalhei com uma mãe de uma filha que tinha uma, acredito eu, doença congênita, poder presenciar e aprender como se cria um filho para o pertencer ao lugar que ele quiser, me serviu de aprendizado gigante, novamente, eu posso dizer que fui privilegiada e tinha ao meu lado uma mulher F0D@.
Não se falava de inclusão, tudo acontecia naturalmente, de um lado uma mãe que ensinava, do outro lado uma filha que aprendia que limitações não, necessariamente, limitam. Simples assim!
Seguindo, minha trajetória trouxe ensinamentos da convivência com pessoas diversas em muitos aspectos, e todas com algo em comum, disposição para o esforço, para o sacrifício que é fazer aquilo que entra em conflito com nossas limitações. Eu tenho muita sorte por ter tantas pessoas F0D@ na minha história.
Contudo, não vivo em utopia, sei que ainda somos rodeados por muitas pessoas com conceitos preestabelecidos, sei que existem muitas barreiras para romper, já ouvi coisas como: pode desclassificar os g0rd0s eles são cansados, preguiçosos.
Percebo que muitos estão em alerta, e dispondo atenção a diversidade, ao número, sabemos que isso é importante, é necessário, é o convite, a questão aqui não é desmerecer, mas sabemos também que a excessividade no indicador, alimenta uma obrigatoriedade, fazendo com que muitos sigam este caminho para “ficar bem na fita”, para a “manchete”, sem garantias para a ausência do sentimento de inadequação.
Dito isso e considerando os F0D@STIC0S que estão na minha história, só posso dizer que me causa estranheza precisar falar de inclusão para tornar realidade aquilo que deveria ser simples e naturalmente possível.
Inclusão é o entendimento e o reconhecimento do outro, é o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diversas, não precisamos dificultar, não precisamos obrigar, não precisamos falar, precisamos apenas e sem pensar muito vivenciar. Fale menos, viva mais!